Estudo sobre os efeitos gastroprotetores do extrato aquoso de Taraxacum officinale (dente-de-leão) em ratos utilizando técnicas de ultrassom, histologia e análise bioquímica foi publicado no periódico Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine: DOI: https://doi.org/10.1155/2021/8987232. O estudo é de autoria dos pesquisadores Maria Eduarda Zanatta, Daniela Miorando, Amanda Stefller, Nátali Roos, Jackeline Ernetti, Ana Júlia Predebon, Heloísa Lindemann, Aline Mânica, Beatriz Oliveira, Patrícia Serpa, Lilian Bohnen, Viviane Simomura, Denise Gomes, Max Vidal-Gutiérrez, Wagner Vilegas, Luisa Silva e Walter A. Roman Junior.
Este estudo teve o objetivo de compreender como um extrato produzido a partir da planta Taraxacum officinale F.H.Wigg., (Asteraceae) popularmente conhecida como dente-de-leão, pode proteger o estômago de ratos contra úlceras gástricas. Estas lesões acontecem quando a camada protetora do estômago é rompida, causando desconforto e problemas de saúde. O dente-de-leão tem sido usado tradicionalmente para tratar problemas de fígado, diabetes e distúrbios gástricos, entretanto, até o momento ainda não tinha sido avaliada cientificamente quanto aos efeitos antiúlcera gástrica.
A pesquisa utilizou partes aéreas da planta, coletadas em Coronel Freitas (SC). O extrato aquoso foi preparado por infusão das folhas secas conforme uso popular, sendo na sequência filtrado e concentrado. Além disso, foi realizada análise química em espectrometria de massas (ESI-MS) para identificar os compostos presentes no extrato. Para o estudo in vivo, foram utilizados ratos Wistar (fêmeas) e a atividade gastroprotetora foi avaliada em úlcera gástrica causada por etanol (álcool) e piroxicam (anti-inflamatório), principais agentes etiológicos de úlceras em humanos. Foram realizados exames ultrassonográficos, avaliação histológica e análise bioquímica do tecido gástrico para investigar o envolvimento de marcadores inflamatórios e de estresse oxidativo.
O dente-de-leão pela primeira vez avaliado por meio de imagens ultrassonográficas, demonstrou potencial farmacológico na prevenção de lesões gástricas promovidas por etanol e piroxicam, evidenciado por redução significativa nas áreas lesadas achados histológicos e histoquímicos. Os compostos fenólicos no extrato, incluindo ácido chicórico, desempenharam um papel na defesa da mucosa e na regulação de marcadores inflamatórios e de estresse oxidativo.
A espessura da parede gástrica diminuiu em ratos tratados com o extrato, indicando redução do edema causado pela agressão aos tecidos. Além disso, o extrato aquoso ajudou a preservar os níveis de glutationa (GSH), um antioxidante crucial, prevenindo sua depleção. A atividade enzimática de superóxido dismutase (SOD) e catalase (CAT) aumentou, sugerindo uma defesa antioxidante reforçada pelo extrato.
A administração de dente-de-leão reduziu a atividade da mieloperoxidase (MPO), indicando uma diminuição na infiltração de leucócitos e um efeito anti-inflamatório. Além disso, o extrato aquoso mostrou efeitos benéficos na redução de peróxidos lipídicos (LOOH), destacando sua capacidade de combater o estresse oxidativo.
O estudo também destacou a importância do dente-de-leão na modulação de enzimas antioxidantes, como superóxido dismutase e catalase, indicando sua capacidade de combater o estresse oxidativo. A redução da atividade da mieloperoxidase sugeriu uma diminuição na infiltração de leucócitos, apontando para efeitos anti-inflamatórios.
Em resultados em conjunto revelam, que o extrato da planta apresenta efeito gastroprotetor em modelos animais, corroborando o uso popular acerca de seus potenciais benefícios na prevenção e tratamento de úlceras gástricas. Este efeito pode ser devido à presença de ácidos fenólicos e flavonoides nas folhas da planta. Além disso, este estudo propõe o uso de análises ultrassonográficas como uma nova ferramenta de avaliação gastroprotetora em estudos pré-clínicos.