Prolegômenos acerca da saúde e da doença em Nietzsche

Solange Kappes

Unochapecó

Dr. Ivo Dickmann

Unochapecó

Resumo

Propomo-nos a uma reflexão que contrastasse os pensamentos do filósofo Friedrich  Nietzsche acerca da saúde, com o conceito e as concepções vigentes atualidade. Dessarte, nosso  objetivo foi investigar as possíveis contribuições da filosofia de Nietzsche para um pensamento  crítico aplicado ao que entendemos hoje como saúde. A fim de alcançarmos esse objetivo, lançamos  mão das seguintes especificações: mapeamos as principais obras do filósofo em busca de conceitos  relativos à saúde; analisamos o conteúdo das proposições mapeadas a partir de categorias e  subcategorias; e, por fim, buscamos oferecer uma alternativa para o atual, idealizado e inflexível  conceito de saúde.  

A investigação ora executada apoiou-se sobre dois pilares: o ontológico, na medida em que  respalda um perspectivismo e o axiológico, porque ocupa-se da atribuição de valores, conceitos e  práticas, não temendo o aberto diálogo entre valores pré-estabelecidos e outros possíveis. Lançamos  mão da análise documental e, quanto ao método utilizado para analisar as informações angariadas,  optamos pela Análise do Conteúdo.  

O filósofo aponta para a importância da doença como fio condutor do conhecimento de si e  canalizador de energia para autodeterminação. Nietzsche retira o foco da conceitualização e o  direciona para o sujeito, sugerindo que é mais importante conhecer a própria finalidade, horizonte,  forças e impulsos, para determinar o que a saúde significará para si. Nesse sentido, pensar em uma  saúde estática é utópico e perigoso. Afinal, da exigência do bem-estar brotam sofrimentos diversos,  e a enfermidade nunca deixará de existir. Saúdes extremas gestam enfermidades extremas.  Compreendemos que a verdadeira saúde não se manifesta na ausência de doenças, mas, sim, na  capacidade de enfrentamento e de fazer uso, em próprio proveito, das enfermidades às quais  viermos a ser submetidos, no intuito da superação e do fortalecimento de si por intermédio da  doença. Afinal, o homem é, por excelência, um animal que sofre.

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